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Com Sérgio Moro e redes sociais, Bolsonaro prevê uma nova relação com o Congresso Nacional

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), promete apostar em uma nova dinâmica para construir a relação do governo com o Congresso Nacional. Ainda embrionária, a estratégia é usar o peso do resultado das urnas para formar maioria e, caso seja necessário, a pressão das redes sociais para fazer avançar sua agenda.

Ao nomear o juiz Sérgio Moro para o superministério da Justiça, o futuro governo sinaliza ainda que será inflexível na proposta de não trocar apoio por cargos, ao mesmo tempo em que reforça a euforia de seus apoiadores. A aposta do presidente eleito é que a nomeação de Moro ajude a manter sua popularidade em alta e lhe dê força para se sobrepor no Congresso aos interesses da velha política. Parlamentares, porém, são céticos em relação à implementação de um novo modelo que não passe pela tradicional negociação do Palácio do Planalto com os partidos.

O primeiro desafio do novo governo será votar a reforma da Previdência. Bolsonaro verbalizou que gostaria de ver aprovado algum projeto da área antes mesmo de tomar posse. Mas lideranças dizem que não há clima agora para passar o texto do governo Michel Temer.

Deputado reeleito, delegado Waldir (PSL-GO) avalia que a forma de Bolsonaro se comunicar com a população será fundamental para aprovar a reforma:

“Podemos trabalhar com as bancadas e com auxílio dos governadores e prefeitos, que também estão interessados, por exemplo, na reforma da Previdência. Mas a linha é sem negociação com partidos em troca de cargos. Isso ficou claro para todo mundo com a nomeação de Moro.”

Parlamentares experientes avaliam que popularidade é um ponto importante para o governo na hora das votações. Mas, para conseguir governar, o presidente não poderá prescindir de negociar com o Congresso por meio dos partidos – ainda que em novos termos.

“Colocar o Moro é positivo para que ele mantenha a chama acesa com o povo. Isso, no entanto, de maneira nenhuma dará a ele a posição de não precisar negociar. Mas o Congresso vai ter que se enquadrar e não esperar o toma lá dá cá”, pontua o deputado José Rocha (BA), líder do PR.
Vantagem relativa

O atual líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), concorda que as redes sociais têm um papel importante e entende que o presidente eleito deve continuar usando esse expediente para se comunicar com a população. Ele pondera no entanto que a popularidade de Bolsonaro não é absoluta e que o país vem de uma eleição em que houve alta polarização. O peso das redes como ferramenta de pressão sobre os parlamentares, avalia, é relativo:

“É natural que ele continue usando as redes sociais, que têm muita influência sobre a população. Mas o ambiente também está muito polarizado. Naturalmente haverá embates nas redes sociais sobre temas polêmicos como a reforma da Previdência. As redes têm um papel importante. Mas isso não quer dizer que o Bolsonaro vai colocar um tema e terá aderência imediata no Congresso.”

Filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deverá ter um papel central na relação do Planalto com o Congresso. Ele já disse, em entrevista ao jornal O Globo, que é possível usar a pressão das redes para convencer os parlamentares a votar com o governo.

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