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Declaração de Bolsonaro sobre ‘limpa’ em Ibama e ICMBio gera reação de ambientalistas

As declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (29) durante uma feira de agronegócio em São Paulo geraram reações de ambientalistas e especialistas na área do meio ambiente. Durante discurso, Bolsonaro afirmou que negociou com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “uma limpa” no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Para o engenheiro florestal Tasso Azevedo, que trabalhou na estruturação do Serviço Florestal Brasileiro, existe um “equívoco óbvio” na declaração de Bolsonaro.

O engenheiro defendeu a importância do Ibama e do ICMBio como órgãos que garantem a conservação dos recursos naturais e acrescentou que é de interesse do agronegócio que as florestas brasileiras sejam conservadas da melhor forma possível.

“Tanto o Ibama como o ICMBio são órgãos essenciais para garantir a conservação dos recursos naturais que, por sua vez, são absolutamente cruciais para a produção energética e para a produção agropecuária no Brasil. Sem floresta, sem cuidar do meio ambiente, não tem água, e sem água não tem energia. Sem água, não tem agricultura. É do maior interesse do agronegócio brasileiro que se mantenham e se conservem as florestas da melhor maneira possível”, explicou Tasso Azevedo.

O engenheiro também rebateu as falas de Bolsonaro sobre as multas ambientais. Durante o evento, Bolsonaro defendeu alterações no processo de fiscalização e citou que 40% das multas aplicadas no campo “serviam para retroalimentar uma fiscalização xiita, que buscava apenas atender nichos que não ajudavam o meio ambiente e muito menos aqueles que produzem”.

Tasso Azevedo defende a aplicação das multas a quem atua em práticas ilegais, como o desmatamento irregular, e enfatiza que os dados citados por Bolsonaro não são baseadas em nenhuma estatística ou número oficial.

“Não há número e nenhuma estatística de multas ambientais que dê justificativa para isso. Pelo contrário, o número de multas geradas a partir dos indícios sobre o desmatamento ilegal é baixíssimo no Brasil e o número de multas aplicadas que se transformam em penalização é mais baixo ainda. Então não faz nenhum sentido”, ressaltou.

Como informou o blog na semana passada, três diretores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pediram exoneração após a saída de Adalberto Eberhard da presidência do órgão. Eles foram substituídos por policiais militares.

‘Desinformação’

O biólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Bráulio Dias também criticou a fala de Bolsonaro e afirmou que as declarações mostram “desinformação” em relação à agenda ambiental e ao trabalho dos servidores da área.

“As declarações do presidente mostram grande desinformação com a relevância da agenda ambiental e com a dedicação dos servidores públicos que atuam nesta área. Mostra também um desconhecimento dos princípios e diretrizes da Constituição Federal de 1988 e das diretrizes, objetivos e metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Bráulio.

Para o biólogo, o presidente promove um “desserviço” aos interesses nacionais e ao próprio setor do agronegócio quando adota esse tipo de postura. Segundo Bráulio Dias, se esse caminho for seguido, o resultado será um aumento de desastres ambientais.

“O caminho seguido pelo presidente atende aos anseios da banda atrasada e não competitiva do agronegócio nacional – o resultado será um aumento dos desastres ambientais, perda de florestas […] Ao seguir este caminho o agronegócio brasileiro perderá competitividade e mercados, sofrerá com os impactos de mais secas e enchentes e será devastado pelas mudanças climáticas”, acrescentou o biólogo.

Da Redação com informações do G1

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